segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

/enter marcha nupcial

Inspirada por este post , e pela súbita vaga de conversa sobre casamentos entre os meus amigos (conversa que na sua grande maioria surgiu após o consumo de umas imperiais, há que confessar), venho por este meio partilhar com o mundo as minhas ideias sobre o casamento.

O mundo, esse, manter-se-á indiferente a esta minha partilha, e só faz é bem.

Ora, o casamento. O casamento é, tradicionalmente, aquele dia com o qual as mulheres sonham, o entrar de branco na igreja pela mão do pai, essas patacoadas tradicionais.
É minha forte convicção que muito poucas mulheres da minha idade admitem que fantasiam com o dia do seu casamento, e muito menos o admitirão se não tiverem uma relação estável. Não sei como é com os homens, mas acho (mesmo) que todas as mulheres pensam nisso, ou pensaram nisso, ou pensarão nisso.
Acontece que escolhem não o divulgar – parece foleiro e antiquado e é muito mais cool a ideia de que é só um papel passado, e de que não vale a pena o esforço.

Não duvido que a ideia de casamento actualmente não seja apelativa. Por tantas razões: pelo facto de ser visto como um mero papel passado, que serve para muito pouco senão para trazer problemas quando o amor acaba, o desejo se extingue e acordar a olhar para a mesma cara do lado de lá da cama é intolerável;
pelos divórcios rápidos e em catadupa que umas vezes são porque se cometeu um erro (que os há, por isso somos humanos), outras porque é intolerável viver assim, ou simplesmente porque já não se quer fazer o esforço de reanimar uma paixão que pereceu (assassinada, ou por morte natural);
pelas alianças que saem e voltam ao dedo conforme os desejos do dia e a quantidade de membros atraentes do sexo oposto no bar.
Porque já vimos tanta merda, ouvimos tanta merda, e sobretudo porque hoje em dia se fala disso abertamente e separações são uma das coisas mais normais desta vida - tudo isso faz com que a minha geração tenha muitas reservas sobre o valor do instituto. Com todo o peso, desagradável, que a palavra “instituto” comporta: parece algo pesado e inamovível que não se adaptará ao que o futuro possa trazer.

Na verdade, tanta coisa por algo que não passa de um papel; de um compromisso que se assume perante o governo, ou perante a igreja se os pais fizerem questão - porque são eles que pagam o casamento e a avó da província gostaria muito.
É um mero acordo: vivemos juntos, amamo-nos, vamos oficializar perante o mundo o amor que nos une.
Ah, e no caso das pessoas de Direito, encheram-nos os ouvidos com a ideia de que é um contrato – ao nível daquilo que se faz quando se compra uma casa ou o pequeno-almoço no café, mas com outras cláusulas.

Ora, se isto é assim, casar para quê?
Bem:
• Oficializar o amor entre duas pessoas é um gesto simbólico, e penso que todos sabemos entender o valor que ele apresenta.
As histórias de amor estão cheias de gestos simbólicos – a “nossa” música; a data do “nosso” aniversário de namoro; o “nosso” sítio; aquela noite, ou tarde, ou dia, em que não sei o que aconteceu mas tudo mudou para ti e para mim e eu e tu passamos a ser “nós”; os “nossos” gestos; as “nossas” cumplicidades; as “nossas” private jokes, … tudo isto existe num namoro. Assim, marcar no calendário de todos o dia X como aquele dia em que o amor deu o passo definitivo e anunciou ao governo que existia e que estas duas pessoas juntaram escovas de dentes e passaram a entregar apenas um impresso para pagar o IRS em vez de dois, poderá ser até algo romântico. (Isto na teoria, porque depois vem a preparação das festas de casamento, e para mim todo o romantismo que pudesse haver na ideia da junção de amigos e família morre na canseira que é escolher bolos, vestidos, fotógrafos, quintas, fazer a lista de convidados, e coisas do género).
• Porque fazê-lo frente aos amigos e à família faz com que eles estejam a participar da felicidade do casal. E porque se se gosta de festas, não haverá festa maior que esta. [Este argumento, no entanto, é uma faca de dois legumes, como diria Jaime Pacheco: há muitos casos em que, se dependesse apenas do casal, talvez não houvesse nem casamento nem festa; e no entanto, para não desagradar a ninguém, ninguém sabe muito bem como acabam 400 pessoas que mal se conhecem acomodadas numa mesma quinta a encher a mula, enquanto os recém-casados olham um para o outro confusos e tentam entender o que se terá passado.]
• E, que raio, vamos ser cínicos: há uma protecção dos bens, e uma maior protecção legal da pessoa caso algo de trágico aconteça à cara metade.


Eu admito, a custo, que talvez até gostasse de me casar. Provavelmente, pelo civil e não pela igreja.
Mas tenho a mania que sou original, pelo que se me casar, tenho meia dúzia de ideias bem marcadas na cabeça sobre o que quero e não quero.

Para já, as alianças são-me indiferentes. Não gosto particularmente de anéis, e há aquele pormenor giro de as alianças serem como qualquer outro anel, que sai do dedo facilmente, e lá se vai a sinalização do casamento. Suponho que tenha que as usar, até porque actualmente é mais respeitado como modo de sinalização de compromisso um anel no dedo certo do que qualquer papel certificando o matrimónio.
Ainda assim, para mim será mais importante tatuar o dedo anelar da mão esquerda, possivelmente com a inicial da outra pessoa.
Eu vejo o casamento como uma união que dure até ao fim da minha vida.
Por um lado, é justamente isso que me afasta da ideia de me casar: não gosto de me comprometer sequer com a ideia de ficar em Lisboa até Julho a terminar o mestrado, quanto mais com a ideia de me comprometer a ficar até ao fim dos meus dias a aturar os humores de alguém cujas fuças me posso cansar de ver daqui a dois anos. Por outro lado, nada melhor que uma tatuagem para acompanhar a ideia de um compromisso para toda a vida – uma marca de tinta que fique comigo toda a vida também.

Em segundo lugar, vou admitir o inadmissível: cada um vai como quer, e eu gostava de ir de preto. (pausa para choque na plateia)
Porquê? Porque tenho o vestido perfeito, e o vestido perfeito é preto. Isto foi algo que nunca entendi: se é possível que uma mulher se case vestida de outra cor que não o branco puro e virginal (e actualmente, er, são *todas* as mulheres), então porque não preto?
Associar a cor com a alegria ou a felicidade, isso é tudo fantástico – nesse caso gostava de entender porque carga de água é que todos os homens casam de preto. Será possível que *todos* o façam porque casam sob protesto, e para demonstrarem o luto pelo facto de se irem “enforcar”?! [Pausa para referir o quanto adoro a expressão “vais-te enforcar” usada pelos homens quando se referem ao casamento iminente de um deles. Sendo eu mulher, partilho exactamente da mesma secura na garganta e sensação de corda ao pescoço que suponho que eles tenham quando pensam em “dar o nó”. Sou Sagitário, não tenho culpa, é mais forte que eu].



Para além disso, gostava de largar 600 e tal euros nuns Louboutins (ver adorável foto acima) para usar no dia do meu casamento. Custariam os sapatos necessariamente mais que o vestido, mas eu dava o dinheiro por bem gasto, sobretudo se o noivo foi substancialmente mais alto do que eu (se bem que a avaliar pelos últimos dois anos, diria que esse é um cenário pouco provável, haha XD).

Não gostava particularmente que ninguém da minha familia me acompanhasse ao altar: nem pai nem irmão, thank you very much, chego ao altar sozinha e sem ter que ser guiada por homem nenhum. Já basta o homem que milagrosamente faça com que eu me dirija ao altar de livre e espontânea vontade para me juntar a ele uma vida inteira.

Também gostava de fazer duas festas: a da família, e a dos amigos. A da família bem mais formal; a dos amigos em ambiente refinado, sim, mas muito mais divertido – até porque aquela parte de estar a beber champagne à grande e a fumar não ia cair bem na minha família. É egoísta querer fazer duas festas, mas é a verdade :$

E, quanto a selecção musical na festa, já sabem que os grandes êxitos do pimba *não podem faltar*. Depois da musica de abertura do baile (que não vai ser uma valsa porque eu não acho piadinha nenhuma a valsas, e porque quero mesmo que seja a "nossa" musica a abrir - minha e do infeliz que quis casar comigo, leia-se)
... a dança abre em grande com ou José Malhoa ou com Quim Barreiros, ou não me chamo eu Raquel.
Tenho o sentido de humor deprimente que vocês já me conhecem, porque carga de água havia de o mudar no dia do meu casamento, hmm XD? Contem com uma selecção musical com muito mau hip hop, pimbalhada com fartura, e lá pró meio uma pequena selecção de musica decente, se estiverem com sorte ;D.

Atirar o bouquet, tenho as minhas dúvidas. As minhas amigas deverão estar todas casadas por essa altura, e as minhas primas mais novas também, pelo que é inútil. Para além disso, eu dou mais importância ao bouquet do que dou ao vestido – sendo o bouquet lindo e deslumbrante, dificilmente o vou atirar correndo o risco de que ele se esmifre todo no chão. Quem vir um certo episodio da série 2 do Sexo e a Cidade entenderá XD.

Ah, escusado será dizer que a ementa vai ter mais opções vegetarianas que o habitual. Levem umas barras de cereais para o caso de terem fome, lol.

Poderá portanto, se forem seguidas estas ideias, ser um casamento muitoooo estranho, mas ao menos vai ser à minha medida XD.


Eu ponho o desafio, ainda que com as mais sérias duvidas que alguém venha a participar,mas... surpreendam-me. Comentem vocês aqui como seria o vosso casamento de sonho! :)

[[Este post teve, como já devem ter percebido, o mais absoluto patrocínio de Sex And The City ]]

4 comentários:

V. disse...

o casamento e a festa ainda é naquela..agora com os sapatinhos não se brinca! dá cá!!!

R disse...

Dou nada, são MEUSSSSSS. My precious!
N me digas que estes sapatinhos também eram aqueles que escolhias qd te casasses. 400 euros na net,haha :P

V. disse...

eu escolheria estes:

http://images.amazon.com/images/P/006019684X.01.LZZZZZZZ.jpg

R disse...

Lindos, mas os saltos são, er, impossíveis de manter, de acordo com várias leis da Física XD
Mas, e vestidos? Isso é que é mais complicado de escolher, haha :)